E com seus pés descalços, ela anda na areia fofa e cor de
creme. Olha e enxerga a cada nuvem flutuando no céu, pálidas e abstratas. Sente
cada grão de areia que gruda e desgruda dos seus pés gordos, e analisa cada
onda que vem e volta, às vezes quebra, às vezes sobra, fazendo uma espuma
branca e infantil. Lá no fundo, já com ondas como molduras, ela vê alguns
mergulhando e brincando como se o dia não tivesse fim. Como se aquele momento
fosse paralisar e permanecer por entre o infinito de nossas lembranças, de
nossos dias, de tudo.
E é isso que a faz querer fotografar. Então, ela pega sua
câmera e tira uma foto, daqueles que sorriem e pulam por entre a correnteza,
daqueles que não tem medo do esquecimento. Porque todo mundo sabe que um dia
tudo se vai, o difícil é aceitar isso. Mas parece que eles mal pensam nesse tal
de adeus, que arranca de sua vida pessoas que eram muito bem-vindas. E, como
ela é curiosa, se pergunta como é possível, alguém nesse mundo não se sentir
ameaçado com as idas da vida.
Então, com a sua curiosidade borbulhando seu ser, resolve
ficar pra saber, por que diabos alguém se sente feliz, sabendo que um dia tudo
acaba. Ela se senta na areia, e ouve o mar fazendo seu próprio ritmo, as ondas
dançando junto com a brisa de verão, até que, mesmo parecendo maluquice, ela
sente uma vontade de dançar colado com esse vento bagunçado. Mas que loucura,
ela pensa. E continua sentada, esperando a tal da resposta.
Até que eles saem da água, ainda rindo e conversando, há
dois homens e três mulheres, que parecem muito alegres, contagiando a menina
sentada na areia. Ela levanta e pergunta, como eles conseguem ser tão felizes
sabendo que um dia tudo isso se vai¿ Como não tem medo do esquecimento¿ fala
ela querendo muito saber, esse enigma tão estranho.
E eles sem muito entender, simplesmente responde: E por que
eu vou perder meu tempo pensando nos dias que virão¿ Aproveito cada instante do
agora, cada segundo do hoje, e que venha o esquecimento! Termina ele, a
deixando mais confusa, mas ela, lá no fundo do seu ser, entende o que ele quis
dizer. E sem pensar muito, ela simplesmente se permite fazer parte do infinito
que estará cravado em sua memória.
***
xoxo, babi.
Nenhum comentário:
Postar um comentário