E com o dia já amanhecido, ela desperta de seu sono profundo
e profundamente suspira com uma preguiça matinal já marcando-a logo cedo.
Demora alguns instantes e já sozinha no quarto percebe o som da televisão na
sala, um som quase imperceptível, como se estivessem com medo de acorda-la ou
simplesmente por a porta ser grossa demais para atravessar completamente, o
ruído. Olha as horas no visor do celular, olha as mensagens dentro dele, olha
seu livro ao lado e resolve lê-lo. Ela adora ler de manha, assim que acorda,
geralmente gosta de fazer um chá para si e ler á luz auroreada, mas hoje ela
esta preguiçosa, e decide simplesmente ler.
Para uma menina de quinze anos, parece uma coisa estranha
gostar de chá e de ler, mas ela não se importa de ser estranha, se é que é realmente.
Sua vida não é como nos livros que lê, cheios de romances e descobertas
luminosas, mas vai ver que é por isso que gosta tanto desse tipo de história.
As pessoas procuram por aquilo que não possuem, e acham que merecem. Disso ela
sabe, sabe também que todos procuram alguém para amar, já que hoje em dia só se
pensam nisso, o amor. Ela não sabe nada sobre o assunto, ama seus amigos e sua
família, mas nada fora do comum. Nunca se achou uma filosofa para ditar sobre
isso, algo tão complexo e simples ao mesmo tempo. É difícil abandonar tudo que
acredita em nome do amor, mas pelo simples fato de amar, se torna algo
desejável e magicamente estranho para ela.
Não é como nos filmes
em que o mocinho sempre trás flores das mais cheirosas, abre as portas do carro
e das lojas ou compra chocolates crocantes para a namorada. Claro que isso
acontece, mas não é tão bonitinho e mágico como parece, e nem sempre é tudo tão
bonitinho e mágico como esperam. Ela não tem “moral” para pensar assim, já que
cria expectativas de um amor fofo, macio e delicado como nos sonhos.
Isso tudo parece tão confuso, nos dias de hoje, com tanta
brutalidade vinda dos outros e tanta violência respondida por você, chega a ser
cômico todos quererem amar a paixão, deseja-la como se passam em seus
pensamentos. Vai ver, eles querem mesmo é simplesmente chegar em casa, cansados
do dia exaustivo, mas sorrirem com o fato de lembrar que há alguém a sua
espera, alguém em quem possa desfrutar da felicidade momentânea, somente para
não lembrar do que se passou. Ou querem alguém que sirva de porto seguro, como
um diário em que pode confiar quando se está num abraço apertado com seus
braços amados ao redor de ti, protegendo alguém de algo ruim.
Ou só querem amar, da forma mais simples e segura do verbo, algo
impassível, infinito como num breve momento em que se olha pela janela e vê um
meteoro rasgando o céu. Você sente aquela coisa dentro de você, uma magia tão
verdadeira e ingênua como uma criança que não pensa em nada do que diz. Aquela
coisa que está presente quando se olha apaixonadamente alguém, ou quando sorri
lendo algo escrito por esse alguém, ou quando sente vontade de ficar ao lado
desse alguém por um tempo imensamente grande, do tamanho desse sentimento,
dessa coisa.
Ela, que diz nunca
ter amado alguém, criou esse devaneio que por tortos caminhos caiu em algo
profundamente simples, nada complexo. Vai ver, os caminhos tortos sejam aquilo
em que a complexidade mora, e o simples fato de caminhar por eles dá a um lugar
tão simples e mágico como uma casinha simples no meio de uma floresta, mas essa
feita de muito esmero, tijolo por tijolo com cimento e suor por entre eles,
algo verdadeiro, feito com aquela coisa, essa “coisa” que ela pensa poder
chamar de amor.
***
Comentem o que acharam desse Momento Estória.
xoxo babi.
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